sábado, 23 de junho de 2018

Ficando rico devagar: o poder dos juros compostos

Economizar, investir e aumentar o patrimônio. Quem não quer? Nessa jornada, existe um aliado fundamental: os juros compostos. Eles fazem seu dinheiro crescer de forma consistente e sem muitas surpresas.
Nos filmes de Hollywood, investir “com emoção” é a forma preferida de pessoas como Jordan Belfort — o especulador interpretado por Leonardo DiCaprio no filme “O Lobo de Wall Street”.
Esse também é o discurso dos gurus de investimentos que, volta e meia, aparecem por aí armados de alguma metodologia supostamente infalível. Apostam alto com a promessa de fazer você faturar milhões em pouco tempo.
É desnecessário dizer que esses métodos não funcionam na prática. Não existe “milagre” no mundo dos investimentos. A realidade é a busca por um equilíbrio entre risco e retorno — além dos bons hábitos financeiros.
Com isso em mente, saiba que a melhor forma de ficar rico é “sem emoção”. Devagar e com segurança, usando ao seu favor os juros compostos. Pode não ser algo tão imediato, mas você pode inclusive prever os resultados com muito mais segurança.
Duvida? Então, continue lendo.

O significado dos juros

Na teoria, juros são o rendimento que se tem quando um dinheiro é investido. Se você toma um empréstimo, os juros que paga são a remuneração do banco. Quanto maior a taxa aplicada ao dinheiro emprestado, maior é a rentabilidade que o banco tem sobre aquele valor.
Da mesma forma, quando você investe em um título — como um título do Tesouro Direto ou um Certificado de Depósito Bancário (CDB), por exemplo —, está emprestando seu dinheiro ao emissor e, em troca, é pago com juros.
Ou seja, na prática: os juros são “o preço do dinheiro”. A diferença entre juros simples e compostos está na forma como são calculados e, como você vai ver abaixo, são os juros compostos que trabalham a favor do seu dinheiro.

Os juros funcionam para deixar você mais rico

Você deve lembrar das aulas de matemática na escola, mas vamos rever aqui uma parte muito importante, para entender por que deve investir o mais cedo possível. No mundo real — ou seja, nos bancos, na poupança, fundos de investimento, cheque especial etc. — os juros são sempre compostos.
Isso quer dizer “juros sobre juros”: os ganhos de cada mês (ou ano) incidem sobre os ganhos anteriores, como uma bola de neve. Assim, o que mês passado você lucrou, no período seguinte passa a fazer parte do seu saldo total, ou seja: o principal.

Como os juros compostos funcionam nos investimentos?

No universo dos empréstimos e financiamentos, isso significa que a dívida fica cada vez mais cara e, às vezes, impagável — lembre-se que o juro do cartão de crédito está em mais de 350% ao ano!
Mas o contrário também é verdadeiro: quando se trata de um investimento, os juros compostos fazem com que haja crescimento bem mais rápido.
Imagine que você faça um único depósito de R$ 10 mil em um fundo que renda 10% ao ano. Daqui a doze meses, esses R$ 10 mil terão se transformado em R$ 11 mil. Os R$ 1 mil gerados sem trabalho vão ajudar o bolo a crescer ainda mais. Se o rendimento continuar em 10% ao ano, ao fim de 24 meses o saldo será de R$ 12.100.
Note que no primeiro ano a variação foi de R$ 1 mil (10% de R$ 10 mil), mas no segundo ano foi de R$ 1.100 (10% de R$ 11 mil). A cada ano, portanto, o valor somado aumenta, mesmo que a taxa de juros permaneça igual e ainda que você não acrescente dinheiro extra na conta.
Se você não movimentar a conta, o ganho do 4º para o 5º ano será de R$ 146. E, ao final de 5 anos, seu investimento de R$ 10 mil terá se transformado em R$ 16.100.
Note que R$ 16.100 é mais de 60% dos R$ 10 mil que você tinha investido inicialmente. Como isso é possível, se o dinheiro rendeu 10% ao ano, durante 5 anos? Não deveria render apenas 50%? Ou seja, não seria o correto que ele rendesse R$ 5 mil, em vez de R$ 6.100? Isso seria o cálculo correto, se os juros fossem simples, mas eles são compostos: a cada ano, o rendimento do período anterior se juntou ao total e rendeu ainda mais.

Os juros compostos sempre ajudam o investidor?

Seja na renda fixa ou na renda variável, o poder dos juros compostos conta ao seu favor, pois o rendimento de um ano é somado ao bolo sobre o qual haverá o retorno do ano seguinte.
No caso da Bolsa, apesar de ações não pagarem juros, os retornos são compostos. Por exemplo: imagine que o Ibovespa subiu 10% em um ano e mais 10% no seguinte. Após dois anos o seu retorno será de 21% (retorno composto) e não de 20% (simples).
E, por isso tudo, é possível ficar rico devagar: deixando que os juros compostos trabalhem a seu favor.

Dois cenários para entender os juros compostos

Com os juros compostos, uma pequena diferença de investimento faz MUITA diferença em prazos mais longos.
Vamos supor que você passe a poupar R$ 100 por mês e aplique esse valor, no final do ano, em algum investimento. Para simplificar o argumento, pense assim: todo mês de dezembro, você retira R$ 1.200 do seu décimo terceiro salário e aplica em um fundo (R$ 100 por mês = R$ 1.200 por ano) que renda 10% ao ano. Seu patrimônio com esse investimento ficará assim:
  • ao final de 10 anos, você terá R$ 24.149;
  • ao final de 20 anos, você terá R$ 83.676 — ou seja, mais do que o triplo de dez anos antes.
Mas e se você fizer um pouco mais de sacrifício?
Digamos que, em vez de R$ 100 por mês você se esforce para poupar R$ 250 por mês (R$ 3 mil por ano), e aplique no mesmo fundo, que rende 10% ao ano. Todo mês de dezembro, você injeta mais R$ 3 mil. Assim:
  • ao final de 10 anos, você terá R$ 60.374;
  • ao final de 20 anos, você terá R$ 209.190.
Se, em vez de investir, você gastar R$ 3 mil por ano, serão R$ 30 mil gastos em 10 anos. Mas investindo esse mesmo valor com juros de 10% ao ano, o resultado será um saldo maior que o dobro disso (R$ 60.374). No longo prazo, o investimento pode dar muito mais prazer a você do que o consumismo imediato!

Uma comparação sobre o tempo

Imagine este exemplo: duas pessoas, diante de um mesmo tipo de investimento em renda fixa, com rendimento de 10% ao ano.
A primeira investiu R$ 10 mil anualmente, dos 25 aos 35 anos de idade. No total, ela aplicou R$ 100 mil e deixou o dinheiro rendendo até se aposentar, aos 65 anos. Já a segunda investiu R$10 mil anualmente, entre os 35 e os 65 anos. No total, ela reservou R$ 300 mil.
A pergunta é: quem aposentou, aos 65 anos, com mais dinheiro?
Apesar de a primeira pessoa ter aplicado um valor menor, como ela começou a reservar o dinheiro da sua aposentadoria mais cedo, os juros compostos tiveram mais tempo para trabalhar e — ao fim do período —ela obteve um patrimônio acumulado de R$ 3.059.083,86.
A segunda pessoa, entretanto, que deixou para começar a se preocupar com o futuro em uma idade mais avançada, investiu mais dinheiro, mas teve um resultado pior: seu patrimônio acumulado foi de R$ 1.809.434,25.
Viu o poder multiplicador dos juros compostos no longo prazo? No gráfico abaixo fica simples perceber:
Juros compostos: gráfico compara dois investimentos por prazos diferentes

Os tipos de investimentos

Quanto mais cedo você começar a investir, mais tempo os juros compostos terão para fazer seu dinheiro se multiplicar sem exigir um esforço excepcional.

Como cada perfil de investidor deve direcionar seu dinheiro?

Os tipos de perfil — conservador, moderado e agressivo — variam conforme o grau de tolerância ao risco que o investidor tem. Sejamos sinceros: muita gente não está disposta a sofrer com as oscilações da Bolsa. É um infarto a cada queda! Quem não quer passar por essa preocupação precisa direcionar seu dinheiro para aplicações mais seguras. Um perfil mais conservador pede investimentos mais seguros, de renda fixa, como:
  • títulos emitidos pelo governo (Tesouro Direto);
  • CDBs, que são os Certificados de Depósito Bancário;
  • LCI e LCA, respectivamente Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio;
  • fundos de investimento.
Quem é mais jovem pode tentar ir por outro caminho e investir na Bolsa, desde que tenha conhecimento ou um bom suporte de um consultor especializado. Quanto mais tempo você tiver, mais pode arriscar. É possível que passe por alguns prejuízos no curto prazo, em nome de ganhos maiores no futuro.
Para conseguir o melhor dos dois mundos — rentabilidade e segurança —, sempre é bom diversificar sua carteira. Ou seja, não colocar todos os ovos na mesma cesta. Isso significa ter um pouquinho em ações, outro pedaço no Tesouro Direto, mais uma parte em fundos de investimentos e assim por diante. Um simulador de plano de investimento pode ajudar você a montar essa carteira diversificada sem esforço.
É importante lembrar também o efeito da inflação. Se ela estiver em 8% ao ano, isso significa que você só tem ganhos reais se seus investimentos tiverem um retorno maior que esse percentual. Um rendimento de 5% ao ano seria, na verdade, um prejuízo, pois você não conseguiu vencer a inflação.
Além disso, lembre-se que alguns investimentos têm desconto de IOF e Imposto de Renda sobre o rendimento. Portanto, lembre-se de levar isso em conta, ao escolher a melhor opção para seu dinheiro.
Em geral, as aplicações são isentas de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) quando o resgate acontece depois de 30 dias. Antes disso, há uma tabela regressiva a obedecer. Se você resgata seu dinheiro um dia depois da aplicação, pode pagar 96% somente de IOF. E se deixar para fazer isso no 29º dia, esse desconto diminui para 3%.
O Imposto de Renda também varia conforme o tempo de aplicação, para os investimentos de renda fixa, indo de 22,5% a 15%. Enquanto isso, as ações todas são taxas em 15% de desconto do Imposto de Renda sobre o rendimento.

As armadilhas do mercado financeiro

Para evitar cair em falsas promessas de enriquecimento rápido, é importante se precaver contra as várias armadilhas que existem.
Para isso, sempre tenha com você uma HP 12C e aprenda ao usá-la — pelo menos conheça as funções básicas! Se você não tem a máquina, não tem problema: há aplicativos para Androide para iPhones que simulam a calculadora e funcionam do mesmo jeitinho, sem diferenças!
Essa é a melhor forma de calcular se as taxas de juros informadas estão sendo, de fato, aplicadas em seus negócios. E você também pode prever a rentabilidade de um investimento informando. Faça isso da seguinte forma:
  • digite o valor a aplicar e clique em PV;
  • digite o prazo de aplicação (se a rentabilidade acontecer mensalmente, informe o número de meses; caso seja anual, a quantidade de anos) e clique em n;
  • digite a taxa de juros informada e clique em i;
  • clique em FV e tenha o saldo que vai obter, ao final do período.

O controle e a disciplina financeira

A prática leva à perfeição. O melhor atleta não é necessariamente o mais talentoso, mas aquele que treina sempre, e o que mais se dedica. Nas finanças pessoais, esse fenômeno se repete: cultivar e manter bons hábitos leva ao sucesso ao longo do tempo, sem a necessidade de “dar a sorte grande” ou ter uma grande sacada. Como você viu acima, graças ao poder dos juros compostos, devagar se vai ao longe.
O mandamento mais importante para ficar rico devagar é acrescentar sempre dinheiro novo aos seus investimentos. Todo mês, é possível economizar um pouco e aumentar sua carteira de investimentos.
E não se esqueça, na Magnetis você encontra ferramentas para ajudar você a entender como pequenos investimentos agora renderão uma montanha de dinheiro no futuro. Tem alguma dúvida? Comente aqui e entre nessa conversa.
Fonte: blog.magnetis.com.br

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